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Dispositivo de Desligamento Rápido (Rapid Shutdown – RSD) em Sistemas Fotovoltaicos: o que é, como funciona e por que você deve se preocupar com isso agora

Rapid Shutdown (RSD) em sistemas fotovoltaicos: o que é, como funciona e quando é obrigatório (NBR 17193:2025 e IT-30/CBMMG). Relação com AFCI e impactos no AVCB.
RSD (Rapid Shutdown) em sistema fotovoltaico: telhado com painéis solares, placa “Rapid Shutdown” e interface de monitoramento para segurança elétrica
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Nos últimos anos, a energia solar fotovoltaica ganhou enorme protagonismo no Brasil, tornando-se uma das principais alternativas para reduzir custos com energia e contribuir para a sustentabilidade. Entretanto, junto com os benefícios vêm também responsabilidades, principalmente no que se refere à segurança elétrica.

Entre os recursos de proteção mais comentados atualmente está o Dispositivo de Desligamento Rápido (Rapid Shutdown – RSD). Se você trabalha com energia solar ou está pensando em instalar um sistema, precisa entender o que é, como funciona e em quais situações é obrigatório.

Além disso, com a publicação da NBR 17193:2025 e a regulamentação do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) por meio da Instrução Técnica IT-30, o RSD deixou de ser apenas uma boa prática de engenharia para se tornar uma exigência em várias situações.

Neste artigo, vamos explicar tudo em detalhes e compartilhar trechos de um diálogo técnico que tivemos com o 2º Tenente BM Neylor Henrique Garcia, do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, que gentilmente autorizou a divulgação de suas explicações.

O que é o Dispositivo de Desligamento Rápido (RSD)?

O Rapid Shutdown (RSD) é uma função de segurança que tem como objetivo reduzir rapidamente a tensão dos módulos fotovoltaicos a níveis seguros em caso de emergência.

O que é o Dispositivo de Desligamento Rápido (RSD)?

Isso acontece porque os painéis solares continuam a gerar energia sempre que há luz solar, mesmo que o sistema esteja desligado da rede ou o disjuntor principal tenha sido acionado. Essa característica cria um risco para equipes de combate a incêndio ou manutenção, que podem ser expostas a tensões perigosas ao acessar o telhado ou áreas próximas aos módulos.

Segundo a NBR 17193:2025, o RSD deve ser capaz de reduzir a tensão do arranjo fotovoltaico para níveis seguros em até 30 segundos após o acionamento do dispositivo de emergência. Esse tempo é crucial para dar condições de segurança a bombeiros e socorristas.

Por que o RSD é necessário?

A necessidade do RSD é principalmente proteger a vida humana, especialmente em situações de combate a incêndio.

O 2º Tenente BM Neylor Henrique Garcia, em resposta a uma consulta técnica feita pela Sunus, destacou a função vital do dispositivo:

O objetivo da Função de Desligamento Rápido é de reduzir a tensão a níveis seguros em até 30 segundos, visto que, conforme a ABNT NBR 17193, os módulos fotovoltaicos continuam a gerar eletricidade enquanto estão expostos à luz solar, mesmo após a interrupção do fornecimento da concessionária, representando um risco para bombeiros e equipes de manutenção.

“O objetivo da Função de Desligamento Rápido é de reduzir a tensão a níveis seguros em até 30 segundos, visto que, conforme a ABNT NBR 17193, os módulos fotovoltaicos continuam a gerar eletricidade enquanto estão expostos à luz solar, mesmo após a interrupção do fornecimento da concessionária, representando um risco para bombeiros e equipes de manutenção.”

Além disso, a Instrução Técnica IT-30 determina que a localização do RSD deve ser informada às equipes de resgate, garantindo que a desenergização seja o primeiro passo antes do combate a incêndio.

Não confunda RSD com AFCI

Outro dispositivo fundamental em sistemas fotovoltaicos é o AFCI (Arc Fault Circuit Interrupter ou Dispositivo de Proteção contra Falhas de Arco).

Embora ambos sejam exigidos pela NBR 17193:2025, cada um tem funções diferentes:

  • RSD → Reduz rapidamente a tensão em caso de emergência, garantindo segurança para bombeiros e manutenção.
  • AFCI → Detecta e interrompe falhas de arco elétrico nos circuitos em corrente contínua, prevenindo incêndios.

Muita gente confunde os dois, mas é importante deixar claro: RSD e AFCI são complementares e não substituem um ao outro.

Para entender melhor sobre AFCI, confira nosso artigo dedicado a esse tema.

Formas de implementar o RSD em novos sistemas

Existem diferentes maneiras de implementar a função de desligamento rápido em um sistema fotovoltaico. Na prática, podemos destacar três abordagens principais:

1. Microinversores compatíveis com RSD (a opção mais recomendada pela Sunus)

Os microinversores, além de atenderem aos requisitos da NBR 17193, trazem uma série de benefícios extras, como:

  • Maior eficiência em sistemas com sombreamento parcial.
  • Monitoramento individual por painel.
  • Aumento da confiabilidade, já que a falha de um painel não compromete o restante.

Confira mais vantagens do microinversor.

2. Inversores string com otimizadores de potência

Outra opção bastante eficaz é a utilização de inversores string combinados com otimizadores de potência, que já integram a função de desligamento rápido. Além de cumprir a norma, também proporcionam:

  • Melhor aproveitamento energético em telhados complexos.
  • Monitoramento por módulo.
  • Redução de perdas por mismatch.

3. Inversores convencionais + dispositivos RSD por módulo

A terceira forma é utilizar inversores tradicionais, acrescentando dispositivos de desligamento rápido sob cada painel. Essa alternativa cumpre a função de segurança exigida pelo Corpo de Bombeiros, mas tem desvantagens:

  • Aumento de custo do sistema.
  • Maior complexidade de instalação e manutenção.
  • Mais pontos de falha, sem benefícios adicionais em desempenho.

A IT-30 do Corpo de Bombeiros e a exigência do AVCB

A Instrução Técnica IT-30 do Corpo de Bombeiros é clara: o RSD é obrigatório em sistemas fotovoltaicos instalados em edificações e espaços de uso coletivo.

Nesses casos, o sistema só será considerado regular se o projeto contemplar tanto o RSD quanto o AFCI.

Essa exigência se conecta diretamente à obtenção do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) — um documento essencial para comprovar que a edificação está em conformidade com as normas de segurança contra incêndio e pânico.

é obrigatória a instalação de equipamento de proteção contra falha de arco elétrico (AFPE) e de dispositivo de desligamento rápido (RSD) em sistemas fotovoltaicos instalados em edificações e espaços de uso coletivo

O Tenente Neylor reforçou isso em sua resposta:

“Em atenção à sua consulta, informo que, conforme disposto na IT-30 (Portaria 69/2023), em seu item 6.1.2.1, é obrigatória a instalação de equipamento de proteção contra falha de arco elétrico (AFPE) e de dispositivo de desligamento rápido (RSD) em sistemas fotovoltaicos instalados em edificações e espaços de uso coletivo. Havendo somente uma recomendação, e não obrigatoriedade, para edificações do tipo residência unifamiliar (A-1).”

Ou seja:

  • Locais públicos ou coletivos → RSD e AFCI obrigatórios.
  • Residências unifamiliares → Recomendados, mas não obrigatórios.

E as instalações antigas? Direito adquirido e futuras ampliações

Uma dúvida comum é: o que acontece com instalações que não possuem RSD e AFCI, feitas antes da publicação da NBR 17193?

O Tenente Neylor foi bastante claro nesse ponto:

edificações que já possuam AVCB válido têm assegurado o direito de atender à legislação vigente

“Edificações que já possuam AVCB válido têm assegurado o direito de atender à legislação vigente à época de sua aprovação, não sendo obrigadas, na renovação do documento, a se adequarem automaticamente às exigências posteriores. Contudo, eventuais mudanças estruturais, de uso ou ampliações poderão demandar atualização na legislação adotada.”

Em outras palavras:

  • Se você já tem um AVCB válido, não precisará se adequar imediatamente.
  • Mas se houver ampliação, mudança de uso ou necessidade de um novo AVCB, o RSD será exigido.

Por isso, quem planeja expandir o sistema ou está construindo uma edificação deve prever o RSD desde já, evitando custos maiores e retrabalho no futuro.

A visão da Sunus sobre o RSD

Na Sunus, acreditamos que segurança nunca deve ser tratada como um item opcional. Por isso, seguimos a seguinte diretriz:

  • Instalações em locais públicos e de uso coletivo → Sempre recomendamos e implementamos RSD e AFCI, conforme a IT-30 e a NBR 17193.
  • Instalações residenciais → Consideramos o AFCI indispensável, pois ele protege contra riscos reais de incêndio. Já o RSD pode ser instalado como uma camada extra de segurança, mas não o tratamos como obrigatório, alinhados ao que a própria IT-30 determina.

Um agradecimento especial ao Corpo de Bombeiros

Não poderíamos encerrar este artigo sem agradecer ao 2º Tenente BM Neylor Henrique Garcia, do CBMMG, pela clareza e competência técnica em todas as explicações.

Ele não apenas respondeu às dúvidas de forma detalhada, como também autorizou a publicação deste diálogo no blog da Sunus, reconhecendo a importância de divulgar informações técnicas corretas para elevar o nível de segurança das instalações no Brasil.

a divulgação de informações técnicas corretas contribui de maneira significativa para a conscientização de profissionais e da sociedade

“Entendo que a divulgação de informações técnicas corretas contribui de maneira significativa para a conscientização de profissionais e da sociedade, elevando o nível de segurança e a qualidade das instalações. O uso do meu nome também é autorizado, desde que no contexto de esclarecimento técnico, conforme aqui tratado.”

Nossa gratidão pela disponibilidade e pelo trabalho exemplar prestado pelo Corpo de Bombeiros.

Conclusão

O Dispositivo de Desligamento Rápido (RSD) não é apenas mais uma sigla no universo da energia solar — é um recurso de proteção à vida que está cada vez mais presente nos projetos fotovoltaicos no Brasil.

Com a NBR 17193:2025 e a IT-30 do CBMMG, ficou claro que:

  • O RSD é obrigatório em locais públicos e essencial para a emissão do AVCB.
  • Para residências, é recomendado, mas não obrigatório.
  • Instalações antigas têm direito adquirido, mas ampliações exigirão adequação.

Na Sunus, recomendamos sempre pensar na segurança desde o início. Adotar microinversores ou otimizadores compatíveis com RSD é a solução mais inteligente, unindo segurança, eficiência e conformidade normativa.

Assim, garantimos não apenas economia de energia, mas também a tranquilidade de estar em conformidade com as exigências legais e em segurança para todos.

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Escrito por Frederico Salles

Frederico Salles é engenheiro eletricista, diretor e fundador da Sunus. Tem mais de 20 anos em elétrica, automação e gestão de grandes projetos, com passagens como sócio na IHM Engenharia e líder de elétrica/automação na Vallourec. Hoje conduz projetos fotovoltaicos de alta performance e segurança energética.

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