Nos últimos anos, dirigir por aplicativo se tornou a principal fonte de renda para mais de 1,7 milhão de motoristas no Brasil, em um universo de cerca de 2,2 milhões de trabalhadores de apps de mobilidade e entregas.
Ao mesmo tempo, o custo com combustível e manutenção consome uma parte crescente do faturamento mensal de quem passa o dia na rua. Estudos recentes mostram que, em cenários típicos de trabalho em grandes cidades, combustível e manutenção podem levar facilmente mais da metade da receita bruta do motorista.
Nesse contexto, o carro elétrico e a energia solar deixam de ser apenas “tecnologias do futuro” e passam a ser ferramentas concretas para proteger margem de lucro. A combinação carro elétrico + energia solar para motoristas de app cria uma espécie de “teto” para o gasto com energia, que deixa de depender do preço da gasolina e passa a ser controlado por um investimento planejado em geração própria.
A seguir, veja como essa conta fecha na prática.
A realidade dos custos para quem vive do app
Para entender onde a energia solar entra, vale olhar primeiro para o cenário atual de quem roda com carro a combustão.
Pesquisas com motoristas de app em São Paulo mostram que, em jornadas de cerca de 60 horas semanais, o faturamento médio anual pode girar em torno de R$ 104 mil (cerca de R$ 8,6 mil/mês). Mas, desse valor, algo próximo de R$ 4,5 mil pode ir embora todo mês só com combustível e manutenção, deixando um lucro líquido em torno de R$ 4,1 mil.
Outros levantamentos, conduzidos em parceria com plataformas como a 99, apontam que o combustível é o maior item de custo individual do motorista e que oscilações de preço na bomba impactam diretamente sua renda líquida.
Em resumo:
- faturamento cresce quando o motorista trabalha mais horas;
- o custo com combustível cresce junto;
- a margem de lucro continua pressionada.
É exatamente esse ponto da planilha que o carro elétrico, combinado com energia solar, pode atacar.
Carro elétrico: quando o combustível deixa de ser o vilão
Estudos conduzidos pela 99 com frota de testes em carros elétricos indicam que é possível reduzir em até 80% o gasto com “combustível” (energia vs. gasolina) em comparação a veículos a combustão, considerando o mesmo padrão de uso.
Na prática, o que aparece é o seguinte:
- Carro a combustão:
gasto mensal de combustível facilmente na faixa de R$ 3 mil a R$ 4 mil para quem roda muitas horas por semana, além de manutenção mecânica mais frequente. - Carro elétrico:
custo de energia para rodar o mesmo volume de quilômetros pode cair para algo em torno de 20% do que se gastaria com gasolina, a depender da tarifa de energia e da eficiência do veículo.
Por outro lado, o motorista precisa lidar com:
- aluguel ou financiamento do carro elétrico, que ainda costuma ser mais caro;
- aumento da conta de luz se o carregamento for feito em casa, sem geração própria;
- disponibilidade de estrutura de recarga (residencial, pública ou em base compartilhada).
É aqui que a energia solar começa a fazer diferença real no bolso do motorista de app que usa carro elétrico.
Energia solar para motoristas de app: como entra na conta
Um estudo divulgado em 2024 simulou o caso de um motorista de app que utiliza um carro elétrico e carrega o veículo em casa. A análise considerou:
- consumo mensal aproximado de 750 kWh para o carro elétrico;
- consumo de 200 kWh para a residência (cerca de R$ 200 de conta de luz nas tarifas da época);
- dimensionamento de um sistema fotovoltaico capaz de suprir esses 950 kWh/mês.
O investimento estimado em um sistema de energia solar para atender carro + casa ficou em torno de R$ 25 mil a R$ 27 mil. Financiado a uma taxa próxima de 1,5% ao mês, as parcelas projetadas ficaram na faixa de R$ 600 a R$ 730 mensais, em prazos de 60 a 84 meses.
O ponto-chave é comparar:
- quanto o motorista pagaria mensalmente de energia elétrica para carregar o carro sem solar;
- quanto passa a pagar substituindo esse gasto por uma parcela fixa do financiamento do sistema fotovoltaico.
Se o custo mensal de “abastecimento elétrico” do carro em casa seria, por exemplo, R$ 700 a R$ 800, a parcela do financiamento do sistema fotovoltaico pode ficar igual ou até menor do que essa despesa. Em outras palavras, o motorista troca um custo variável e vitalício por um investimento com prazo definido, que depois de quitado passa a gerar energia praticamente “de graça”, por décadas.
Qual o tamanho de um sistema de energia solar para um motorista de app?

O dimensionamento exato depende da cidade, da radiação solar local, da inclinação do telhado e da eficiência dos módulos. Mas é possível ter uma ordem de grandeza.
Simulações feitas por calculadoras de energia solar indicam que, em boa parte do Sudeste, cada 1 kWp de potência instalada gera entre 120 e 150 kWh por mês, em média.
Considerando um consumo de aproximadamente 950 kWh/mês (750 kWh do carro + 200 kWh da casa), é comum chegar a sistemas na faixa de 6 a 8 kWp para residências de motoristas que rodam bastante e fazem a recarga principalmente em casa. O projeto detalhado, naturalmente, precisa ser feito por uma empresa especializada, que vai:
- analisar o histórico de consumo da residência;
- estimar o consumo adicional do carro elétrico com base nos quilômetros rodados;
- considerar a tarifa local, incluindo bandeiras tarifárias;
- avaliar espaço disponível no telhado ou em estrutura tipo carport.
Em vez de apenas “zerar a conta de luz da casa”, a proposta passa a ser desenhar um sistema de energia solar para motoristas de app que considere a atividade profissional como parte central do projeto.
Mercado de carros elétricos no Brasil: por que o tema virou prioridade
A discussão sobre energia solar para motoristas de app faz cada vez mais sentido quando se olha a evolução do mercado de veículos eletrificados.
Dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) mostram que as vendas de eletrificados leves cresceram cerca de 89% em 2024, com aproximadamente 177 mil unidades emplacadas, contra cerca de 94 mil em 2023.
Já em 2025, os eletrificados se consolidaram em torno de 8% de participação nas vendas de veículos leves no país, com mais de 86 mil unidades vendidas apenas no primeiro semestre.
Ao mesmo tempo, o número de motoristas que trabalham com aplicativos cresceu cerca de 35% entre 2022 e 2024, alcançando 1,7 milhão de pessoas, de acordo com levantamentos recentes do Cebrap e entidades do setor.
Esses dois movimentos – aumento do número de motoristas de app e expansão rápida da frota de eletrificados – apontam para um cenário em que:
- rodar com carro elétrico deixa de ser nicho;
- a pressão sobre a infraestrutura de recarga aumenta;
- soluções de geração própria, como a energia solar, ganham relevância não só para residências, mas também para condomínios e garagens compartilhadas.
Payback: em quanto tempo a energia solar “se paga” para o motorista de app?
O tempo de retorno do investimento em energia solar para motoristas de app vai depender de variáveis como:
- quanto o motorista rodava com carro a combustão e quanto gastava em combustível por mês;
- tarifa de energia da distribuidora local;
- custo final do sistema (equipamentos + instalação);
- condições de financiamento e uso da energia (carro + casa, ou somente casa).
Em cenários típicos em que um motorista de app gasta algo entre R$ 3 mil e R$ 4 mil mensais com combustível em um carro a combustão, a migração para carro elétrico, somada à instalação de um sistema fotovoltaico bem dimensionado, pode reduzir em centenas de reais o custo mensal total com energia e mobilidade, mesmo considerando o pagamento do financiamento do sistema solar.
Na prática, isso tende a comprimir o payback do sistema fotovoltaico para uma faixa de poucos anos, especialmente em estados com tarifas mais altas de energia. Depois desse período, o motorista continua utilizando energia solar para abastecer tanto o carro quanto a casa, com uma despesa mensal muito menor do que teria com gasolina ou mesmo com energia da rede sem geração própria.
Energia solar para motoristas de app: além da economia
A decisão de investir em energia solar para motoristas de app não é apenas financeira. Ela traz outros efeitos importantes:
- previsibilidade de custos: menos exposição à volatilidade dos preços de combustíveis fósseis;
- valorização do imóvel: sistemas solares bem instalados tendem a aumentar o valor de venda ou locação da residência;
- imagem profissional: motoristas que comunicam o uso de carro elétrico recarregado com energia solar se posicionam como mais sustentáveis e tecnológicos, algo que pesa na percepção do passageiro em grandes centros.
Além disso, a energia solar já é hoje uma das principais fontes da matriz elétrica brasileira, o que facilita a criação de linhas de financiamento específicas e programas de incentivo em diferentes regiões.
Como dar o próximo passo
Para o motorista de app que está avaliando a migração para carro elétrico e quer entender se energia solar faz sentido no seu caso, o caminho passa por três etapas:
- Mapear a realidade atual: quilometragem média mensal, gasto real com combustível, manutenção e energia da casa.
- Simular cenários com carro elétrico: custo de aluguel ou financiamento, gasto previsto com energia, disponibilidade de recarga em casa ou no trabalho.
- Solicitar um estudo de energia solar personalizado: dimensionamento considerando carro, residência, análise de financiamento e projeção de economia ao longo dos anos.
A combinação de carro elétrico com energia solar para motoristas de app não é mais uma ideia distante. Com a queda dos custos dos sistemas fotovoltaicos, o avanço dos veículos eletrificados e o aumento constante do número de motoristas de aplicativo no país, essa solução tende a se tornar cada vez mais competitiva, e em muitos casos, a diferença entre trabalhar no limite do orçamento ou conseguir construir uma margem de lucro mais sustentável ao longo do tempo.