A inversão de fluxo é um desafio crescente enfrentado por consumidores que desejam gerar sua própria energia por meio de sistemas fotovoltaicos.
Essa limitação imposta pela CEMIG pode parecer um obstáculo intransponível, mas existem diversas estratégias técnicas e regulatórias que permitem contornar o problema e garantir o retorno do investimento.
No artigo anterior explicamos os conceitos técnicos da Inversão de Fluxo na Energia Elétrica e motivos pelos quais a CEMIG não consegue (ou não quer…) resolver o problema no estado de Minas Gerais, bem como os impactos que estas negativas, quando não tratadas corretamente, podem trazer aos investimentos em GD.
Agora iremos mostrar as principais soluções técnicas e como estas podem ser implementadas para que todo o consumidor consiga exercer o direito de gerar sua própria energia.
Desde que a Sunus identificou essa dificuldade, nossa equipe já homologou e instalou diversos projetos, explorando todas as soluções viáveis dentro da legislação e regulamentação da ANEEL. Conhecemos as melhores estratégias para nossos clientes, independente do porte do projeto, garantindo que a instalação seja realizada sem problemas e dentro dos requisitos exigidos.
Instalação em Áreas sem Inversão de Fluxo
A alternativa mais simples para evitar os problemas de inversão de fluxo é instalar o sistema fotovoltaico em locais onde as subestações da CEMIG ainda possuem capacidade de absorver a geração distribuída.
Além da simplicidade no processo de homologação esta solução não impõe nenhuma restrição, podendo o consumidor gerar a energia e enviar créditos excedentes para qualquer outra unidade consumidora em Minas Gerais, dentro da área de concessão da CEMIG, vinculados ao mesmo CPF ou CNPJ da unidade geradora, ou trabalhar nos conceitos de geração compartilhada definidos na Resolução NormativaANEEL Nº 1.059.
A CEMIG disponibiliza um mapa de disponibilidade de Geração Distribuída (GD) (acesse aqui), que permite visualizar quais regiões ainda suportam novas conexões de usinas fotovoltaicas.

Atualmente, cidades como Belo Horizonte, Betim, Contagem, Nova Lima e outros municípios da Região Metropolitana de BH não apresentam problemas de inversão de fluxo, sendo ótimos locais para a instalação de usinas solares sem restrições impostas pela distribuidora.
Modelo Fast Tracking para Pequenos Consumidores
Para consumidores com necessidade apenas de geração local, sem o envio de créditos para outras unidades consumidoras, e consumo inferior a 1.200 kWh/mês, existe a opção do modelo Fast Tracking.
Nesse modelo são enquadrados sistemas fotovoltaicos com potência ativa instalada inferior à 7,5kW, e que se enquadrem exclusivamente na modalidade de autoconsumidor local (conforme inciso III do art. 73-A da REN ANEEL N° 1.000/2021).
Esse método é altamente vantajoso para residências e pequenos negócios, pois evita entraves burocráticos e garante o retorno rápido do investimento. Além de prático, o processo é bem mais rápido, haja vista que elimina a necessidade de estudos complexos de rede por parte da concessionária.
Neste processo o consumidor precisa assinar um termo se comprometendo a utilizar a energia gerada pelo sistema apenas junto à carga.
Uso dos Fatores de Ajuste Regulatórios
A ANEEL definiu, no Manual de Instruções – art. 73, §1º da REN nº 1.000/2021, os fatores de ajuste regulatórios, que permitem que algumas usinas sejam conectadas mesmo em áreas com inversão de fluxo.
O fator de ajuste regulatório é calculado com base na simultaneidade obtida das curvas de carga das campanhas de medição dos processos tarifários. No site da CEMIG (acesse aqui), é possível verificar o fator a ser utilizado para cada classe de consumo, como:
- Residencial – 46%
- Industrial – 69%
- Comércio, serviços e outras atividades – 63%
- Rural – 53%
- Poder Público – 63%
- Serviço Público – 57%
Para utilizar esse recurso, é necessário ter a média de consumo dos últimos 12 meses. Unidades consumidoras novas ou que tenham trocado de titularidade recentemente não são elegíveis.
No site da Cemig, informando a subestação que atende a Unidade Consumidora desejada e o Consumo médio (kWh) nos últimos 12 ciclos de fatura, uma tabela apresenta o fator de ajuste e a potência de inversor disponibilizada para cada uma das classes de consumo.
Sistemas Grid Zero: Energia Direta sem Injeção na Rede
Empresas que possuem um alto consumo durante o dia, como indústrias e escritórios com grande uso de ar-condicionado, podem adotar os chamados sistemas Grid Zero ou Zero Grid.
Diferentemente dos sistemas tradicionais, o Grid Zero não injeta energia na rede da CEMIG. Toda a energia gerada é consumida diretamente pelos equipamentos da unidade.
Para que isso seja possível é instalado um sensor (TC – Transformador de Corrente) na entrada da rede elétrica da Unidade Consumidora, conectado ao inversor solar, que mede a energia injetada em tempo real e gera comandos de bloqueio de geração quando essa energia ultrapassa o limite estabelecido pela concessionária (normalmente igual a zero amperes/ zero kW).
Dessa forma toda energia que for consumida instantaneamente pela instalação é liberada e aquela que ultrapassar o limite definido pela Concessionária é bloqueada. É uma malha de controle bastante tecnológica, e precisa ser corretamente configurada para que não ocorra injeção de energia além do limite e, ao mesmo tempo, não gere perdas de energia desnecessárias para a instalação.
Para garantir o funcionamento desse modelo, a CEMIG exige a instalação de Relés de Proteção com a função ANSI 32 (Relé Direcional de Potência), que limita a injeção de potência em determinada direção – neste caso, a injeção na rede da concessionária.
Estes relés podem representar uma adição de custo significativo para o padrão de entrada de energia, e algumas vezes pode inviabilizar a solução Zero Grid para instalações fotovoltaicas de pequeno porte.
Esse modelo pode ser uma solução eficiente para empresas que operam em horário comercial e possuem alto consumo durante o dia.
Sistemas com Baterias: Armazenamento e Injeção Inteligente
A alternativa mais completa para contornar a inversão de fluxo é a associação de um banco de baterias ao sistema Zero Grid.
Nesse modelo, a energia gerada durante o dia que não for consumida instantaneamente pelas cargas é armazenada em baterias. Essa energia pode ser utilizada durante a noite ou até mesmo injetada na rede em horários sem inversão de fluxo.
É muito importante que o dimensionamento de um sistema fotovoltaico conectado à rede com baterias, utilizando inversores híbridos, seja feito de maneira adequada.
É um processo bem mais complexo que o dimensionamento de sistemas on-grid e deve ser feito com muito mais critério, sendo sugerido o levantamento detalhado da curva de carga, utilizando analisadores de energia ou Smart Meters para este fim.
Em nosso artigo onde fazemos uma análise completa sobre inversores híbridos, explicamos com detalhes os cuidados no dimensionamento de sistemas com bateria.
Com a redução do custo das baterias e a necessidade de minimizar as tarifas de uso da rede (“Fio B”), impostas pela Lei 14.300, esse modelo está se tornando cada vez mais viável financeiramente.
Por que você não deve contratar empresas não especializadas ou ampliar um sistema sem atender às normas
A instalação de sistemas fotovoltaicos deve seguir as normativas vigentes, caso contrário, o consumidor pode enfrentar sérios problemas.
Tem sido comum proprietários de sistemas fotovoltaicos que desejam aumentar a geração nos procurarem solicitando uma ampliação sem a homologação e o devido registro na concessionária, informando que este tipo acréscimo de potência foi sugerido por outros profissionais do setor.
Como responsáveis técnicos não recomendamos este procedimento de maneira alguma, deixando claro que tanto o consumidor quanto a empresa que fizer este processo clandestinamente podem sofrer várias penalizações pela CEMIG e demais órgão fiscalizadores.
Conhecendo bem a legislação e todas as tecnologias de geração disponíveis no mercado conseguimos selecionar a mais adequada, com viabilidade técnica e financeira, sem expor nossos clientes a nenhum risco.
Se a distribuidora identificar que a injeção de potência violou os limites estabelecidos, ela pode:
- Suspender imediatamente o fornecimento de energia elétrica da unidade consumidora (art. 353 da REN nº 1.000/2021).
- Desconsiderar toda a energia ativa injetada na rede (art. 655-F da REN nº 1.000/2021).
- Revisar o faturamento das unidades consumidoras indevidamente beneficiadas (art. 655-F da REN nº 1.000/2021).
- Desclassificar a unidade consumidora como GD I, fazendo com que ela perca os benefícios tarifários (art. 655-O da REN nº 1.000/2021).
Por isso, evite contratar empresas não especializadas e sempre verifique se o seu sistema atende a todas as exigências normativas antes de ampliá-lo.
Conclusão: Invista com Segurança e Garanta o Melhor Retorno
As soluções apresentadas neste artigo demonstram que existem alternativas viáveis para driblar a inversão de fluxo e garantir que o investimento seja seguro e eficiente.
Soluções simples, como o Fast Tracking, possuem payback entre 2 e 3 anos. Já modelos mais avançados, como Zero Grid e sistemas com baterias, têm um payback estimado entre 4 e 5 anos – tempo semelhante ao que se via no Brasil para sistemas convencionais há poucos anos e ainda inferior ao retorno do investimento em países como Alemanha e Estados Unidos, onde a tecnologia já é amplamente adotada.
Agora que você conhece todas as possibilidades para superar as limitações impostas pela CEMIG, entre em contato com a Sunus e solicite um orçamento personalizado para o seu projeto. Nossa equipe está preparada para ajudá-lo a escolher a melhor solução, garantindo segurança, economia e eficiência energética!
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